A ansiedade é uma emoção normal em circunstâncias de ameaças, fazendo parte da reação de sobrevivência evolutiva de “luta ou fuga”. E, quando a presença de
ansiedade não é mais adaptativa, surgem os transtornos ansiosos, no qual o transtorno de pânico faz parte, juntamente com a fobia social, fobia específica transtorno de estresse pós-traumático. Estes apresentam alterações da circuitaria cerebral centrado na amígdala relacionada ao medo, e nas alças corticoestriadastalâmicas-corticais relacionadas com a preocupação, incluindo pensamentos catastróficos, sofrimento ansioso, expectativas apreensivas.
O medo é um sentimento de inquietude que se inicia rapidamente na presença de perigo e se dissipa na mesma velocidade quando a ameaça é removida. Já a preocupação é um desconforto acerca de antecipação de ameaças previsíveis ou menos específicas, e leva mais tempo para se dissipar e, juntamente com o medo, é
Adaptative.
Os transtornos ansiosos podem estar associados com muitas outras condições, como abuso de drogas, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno
afetivo bipolar, transtornos dolorosos, transtornos do sono, assim como a depressão maior. E em relação aos sintomas depressivos, apresentam algumas semelhanças como distúrbios do sono, dificuldade de concentração,fadiga e sintomas psicomotores/de ativação. No entanto,a diferença é que na depressão as características centrais são a perda de interesse e humor depressivo, e nos transtornos ansiosos as preocupações e medo.
O Transtorno de Pânico, como foi dito anteriormente, faz parte dos transtornos ansiosos, e acostuma acometer uma população mais jovem, sendo que a idade de início pode apresentar um padrão bimodal, entre os 15 e os 24 anos, ou mais tarde, dos 45 aos 54 anos. A prevalência entre as mulheres é sempre superior à dos homens, em uma proporção de 3:1, e na presença de agorafobia, o predomínio é ainda maior entre as mulheres. Tem como característica o ataque de pânico, antecipatória e esquiva ou evitação fóbica.
O ataque de pânico é um complexo sintomático, de forma intensa, início súbito que dura em média 10 a 30 minutos, envolvendo sintomas somáticos, como taquicardia, sudorese, hiperventilação, parestesias, ondas de frio ou de calor, e sintomas ansiosos, como medo de perder o controle, de morrer, de enlouquecer, ansiedade antecipatória, desrealização e despersonalização. Vale destacar que o ataque de pânico é uma característica essencial no transtorno de pânico, mas que pode ocorrer
também na depressão, fobia social e fobia especifica. Existem diversos tipos de ataques de pânico, sendo mais comum o que ocorre de forma espontânea, sem fator desencadeante. Tem o ataque que ocorre durante a noite, caracterizado por despertar súbitos, terror e hipervigilância, e ocorre em 40% dos pacientes com transtorno de pânico durante 0 sono, Existe O ataque situacional quando o individuo depara com certas situações ou se expõe a elas, como multidões e trânsito. E outro desencadeado por situações emocionais, como desentendimentos familiares ou ameaça de separação conjugal.
Os ataques de pânico fazem com que pacientes procurem serviços de emergência médica, pois 90% dos que apresentam transtorno de pânico acreditam que tenham
alguma outra doença física e não psiquiátrica. Sendo comum à procura por diversas especialidades, dependendo das queixas somáticas, e realização de diversos
exames, muitas vezes, desnecessários. Podem procurar cardiologista devido dor precordial, taquicardia, aumento da pressão arterial, preumologista por sensação de falta de ar, hiperventilação; gastrenterologista por diarreia, cólicas e colo irritável; olorrinolaringologista por tonteira, dificuldade de engolir; neurologista por parestesias,cefaleia; ginecologistas por ondas de calor.
A ansiedade antecipatória é outra característica importante do “TE, caracterizada por preocupação de que um novo ataque de pânico ocorra novamente, surgindo
um estado crônico de ansiedade constante e difusa, que ocorre no intervalo entre os ataques. Assemelha se com ansiedade generalizada, pois existe um aumento de atenção sobre sensações somáticas, apreensão e hiperatividade. E esta ansiedade leva à um comportamento de evitação fóbica, que ocorre em 30 a 60% dos pacientes, que é
de ficar longe de lugares ou situações em que o individuo poderia ter uma crise de pânico ou dos quais escapar ou obter ajuda seria improvável ou dificultoso no caso de um novo ataque, que é agorafobia.
A agorafobia está associada a sintomas de ansiedade psíquica, como medo de perder o controle, de enlouquecer, de desmaiar, de ficar envergonhado ou de morrer.
E faz com que o individuo evite uma serie de situações como ficar sozinho, estar em locais com muitas pessoas,“viajar, utilizar transportes públicos, andar de carro entre outros, limitando de forma drástica a mobilidade e a autonomia dos pacientes.
O melhor tratamento para o transtorno de pânico ocorre quando há uma boa aliança terapêutica entre o paciente e o profissional que lhe acompanha. É feito com uso de medicamentos, na maioria das vezes, antidepressivos e benzodiazepínicos, e psicoterapia. À terapia cognitiva comportamental é a modalidade de psicoterapia
mais estudada para este transtorno, pois formula técnicas eficazes para o manejo dos sintomas do transtorno. Utiliza técnicas de relaxamento e treino respiratório,
exposição a estímulos ansiogênicos internos e externos, psicoeducação e restruturação cognitiva, para remissão de componentes cognitivos disfuncionais atrelados aos sintomas autonômicos do transtorno e da esquiva agorafóbica.
Dr. Gustavo Resende Pereira
CRM: 48584-MG
Psiquiatra – Terapeuta Cognitivo